> Professora Maria da Conceição Bento (à esquerda) coordena o projeto MPIPrevEdu
Um consórcio de seis instituições ibero-africanas coordenado pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) está a iniciar um projeto que visa apoiar, ao longo de três anos, a formação de educadores e estudantes de Enfermagem de estabelecimentos de ensino superior de Angola e de Moçambique, no âmbito das práticas de controlo de infeções maternas periparto.
O objetivo do projeto, cofinanciado com 800 mil euros pela União Europeia (programa Erasmus+), é contribuir para uma maternidade mais segura, através de práticas sustentáveis e inovadoras que minimizem as infeções maternas periparto, consideradas «uma das prioridades globais de saúde, que tem especial relevância na África subsariana, dada a elevada incidência, morbidade e mortalidade de mulheres e recém-nascidos».
Maria da Conceição Bento, professora da ESEnfC que coordena o projeto MPIPrevEdu - Empowering Sub-Saharan African HEIs to educate nursing students on sustainable and innovative peripartum maternal infection control practices, nota que o consórcio «está empenhado em promover os direitos reprodutivos das mulheres, melhorando a qualidade dos curricula de Enfermagem no contexto da prevenção e controlo das infeções maternas periparto» e, assim, contribuindo «para uma maternidade mais segura para as mulheres» naquelas países africanos.
MPIPrevEdu estima chegar a cerca de 950 estudantes e 200 professores
O consórcio responsável pelo projeto de cooperação transnacional é constituído por seis instituições de ensino superior de quatro países: Portugal (ESEnfC), Espanha (Universidad de Valladolid), Angola (Instituto Superior Politécnico do Cuanza Sul e Instituto Superior Politécnico Privado da Catepa) e Moçambique (Universidade Lúrio e Universidade Católica de Moçambique).
O projeto MPIPrevEdu estima chegar, até final de 2027, a cerca de 950 estudantes e 200 professores, enfermeiros e tutores clínicos de Enfermagem, «fomentando uma rede de pessoas, entidades, instituições de ensino e de saúde na África subsariana».
O consórcio ibero-africano pretende assegurar o desenvolvimento de currículos para a prevenção e controlo das infeções maternas periparto, através de um modelo educativo (Modelo MPIPrevEdu) com recurso a cenários de simulação e à construção de livros digitais (e-books) que integrarão a abordagem teórica, a formação pedagógica e as situações simuladas, quer em ambiente de serviços de saúde, quer em contexto comunitário.
Resultados do projeto serão disseminados noutros países de língua portuguesa
Ao intervir «no processo de formação dos futuros enfermeiros» e ao «fortalecer a ligação entre a academia e os atuais profissionais», o projeto MPIPrevEdu propõe «melhorar a qualidade do ensino superior na África subsariana, reforçando a relevância dos enfermeiros formados nas instituições de ensino superior para o mercado de trabalho e a sociedade, aumentando o nível de competências, aptidões e potencialidades, quer dos estudantes, quer dos educadores de Enfermagem», sublinha ainda a professora Maria da Conceição Bento.
Numa fase posterior, o consórcio de instituições do MPIPrevEdu irá disseminar os resultados do projeto noutros países de língua oficial portuguesa, como Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Durante a última semana, realizou-se em Coimbra o primeiro encontro transnacional do projeto MPIPrevEdu, com representantes de todas as instituições parceiras.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, infeção materna periparto «é uma infeção bacteriana do trato genital ou tecidos circundantes que ocorre a qualquer momento entre o início da rutura de membranas ou trabalho de parto e o 42.º dia pós-parto, em que se verificam dois ou mais dos seguintes sintomas: dor, febre, corrimento vaginal anormal, corrimento com um cheiro/odor desagradável ou atraso na involução uterina».
[2025-03-10]