“Fardamento académico-profissional da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC)” é o título de um vídeo editado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no âmbito de um percurso de pós-doutoramento feito, em 2023, em Portugal pela professora desta instituição no Brasil, Maria Lígia Bellaguarda.
O documentário evidencia a identidade de uma profissão, destacando as funções simbólica e utilitária associadas à evolução de uniformes, vestimentas e adereços utilizados, por mulheres e homens, no decurso da formação em Enfermagem realizada, durante várias décadas, em Portugal.
O vídeo conta com o argumento da professora Maria Lígia Bellaguarda e do professor da ESEnfC, Paulo Pina Queirós, orientador do pós-doutoramento, beneficiando da colaboração especial da professora aposentada de 89 anos, Nídia Salgueiro.
«O registo dos vários fardamentos ao longo dos tempos é essencial para a perceção de como as coisas se passavam, de como evoluíram, ou seja, para a construção da própria História», observa Paulo Pina Queirós, em declarações para este pequeno filme, que está disponível no YouTube.
Segundo o investigador da Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E), nos tempos iniciais da profissão há toda «uma filiação religiosa presente, na cobertura da cabeça com um véu, que depois vai sendo aligeirado, transformado apenas num simples cap (uma espécie de boné), como um instrumento também simbólico».
A função utilitária da cobertura para a cabeça, de proteger os doentes da libertação de cabelos – é possível, a este propósito, encontrar fotografias com homens de barrete –, as capas, «muito utilizadas até à década de 80», como «instrumentos de trabalho» que as enfermeiras vestiam, frequentes vezes, «para se protegerem do frio» nos hospitais centrais de Coimbra, que «funcionavam em antigos conventos, gelados», são aspetos referidos pelo professor Paulo Queirós.
O investigador da UICISA: E fala, ainda, da existência de «vestuários diferentes, consoante as escolas que formavam enfermeiros», ou «consoante o grau de formação», mas também do «predomínio da cor branca» e do «uso de calças pelas mulheres», ou do «fardamento unissexo, apenas a partir dos anos 70» do século XX, fruto da «liberalização de costumes» resultante da revolução de abril de 1974 que pôs fim à ditadura em Portugal.
Em conclusão, os vestuários e adereços da profissão foram «evoluindo numa perspetiva cada vez mais utilitária», mais facilitadores do desempenho laboral e «mais consentâneos com as questões da higiene e da infeção», constata Paulo Queirós.
O vídeo “Fardamento académico-profissional da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra” surge no contexto de um estudo do Laboratório de Pesquisas em História do Conhecimento da Enfermagem e Saúde da UFSC, em parceria com a ESEnfC e a UICISA: E, onde funciona o projeto estruturante História e Epistemologia da Saúde e Enfermagem.
[2023-12-29]