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Presidente da ESEnfC avisa enfermeiros recém-licenciados que «mudanças na estrutura de necessidades e muita imprevisibilidade» colocarão sob pressão os sistemas de saúde

 

 

O Presidente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), Fernando Amaral, preveniu os enfermeiros recém-licenciados pela instituição para o cenário de imprevisibilidade que, cada vez mais, caraterizará a prestação de cuidados de saúde, notando que mercê de acontecimentos como a pandemia de COVID-19, a guerra na Europa, ou os fenómenos ambientais extremos, «ficámos a saber mais, mas sobretudo que nunca sabemos o suficiente». 

Ao dirigir-se, na quarta-feira (dia 28 de junho), aos cerca de 330 novos diplomados que se preparavam para fazer juramento e que, com docentes e familiares, enchiam o grande auditório do Convento São Francisco, Fernando Amaral começou o discurso em tom de elogio – pela «vitória de se chegar» – e de aplauso – pela «capacidade de adaptação a todas as mudanças que foram necessárias» (referência às transformações decorrentes do período de confinamento durante a pandemia) –, mas logo se centrou nos muitos desafios que terá de enfrentar quem acaba de «ter uma licença» que «permitirá desempenhar uma profissão».

«O mundo tem sido palco de grandes transformações e crises, com profundas modificações nos campos económico, social, político, tecnológico e ambiental, que irão produzir mudanças na estrutura de necessidades e muita imprevisibilidade», observou o Presidente da ESEnfC.

Para o responsável máximo pela instituição, «as mudanças na estrutura demográfica; nos perfis epidemiológicos, com forte pressão sobre os sistemas de proteção social e da saúde; as migrações forçadas; o aumento das desigualdades; a ocorrência de pressões políticas que põem em causa a sobrevivência das democracias liberais ocidentais; a forte transformação do mercado de trabalho e a sua desvalorização serão apenas alguns desafios com que vão ter de lidar» os novos enfermeiros.

Fernando Amaral referiu, por outro lado, que a «guerra, que de repente assolou a Europa», obrigou a «lidar com outras vulnerabilidades que as novas formas de violência geram, com novos imigrantes e novas formas de sofrimento».

 

Enfermeiros devem conseguir explicar o valor que têm para as pessoas

O Presidente da ESEnfC advertiu, ainda, que «vamos ter mais fenómenos ambientais extremos e que os incêndios e a seca criarão populações mais vulneráveis com quem temos de aprender a lidar».

«Estamos, portanto, num cenário que colocará sob pressão os sistemas de saúde e os seus recursos humanos, nomeadamente os enfermeiros, para uma atuação mais próxima das pessoas que vivem estados de cronicidade e de doenças não contagiosas», vaticinou.

Questões relacionadas com a «maior capacitação para os cuidados informais e os autocuidados das pessoas e comunidades», com cuidados que «decorrerão onde estão as pessoas, e estas vão estar em casa», são outras realidades às quais, segundo o professor Fernando Amaral, os enfermeiros terão de responder.

E, para tanto, defende o Presidente da ESEnfC, «uma oferta suficiente de enfermeiros é fundamental, para garantir a sustentabilidade dos sistemas de saúde». Assim como «é essencial que os enfermeiros possuam uma narrativa e uma prática capaz de explicar o que os distingue e quais os resultados que as pessoas podem obter com o que fazem».

 

“E agora somos enfermeiros, acreditam?!”

Bárbara Pereira Sousa, presidente da Associação de Estudantes (AE) da ESEnfC e também finalista da licenciatura, recordou a «longa caminhada de quatro anos» de curso, as memórias do «primeiro dia de aulas no Auditório António Arnaut», do «nervosismo e ansiedade», da integração facilitada pelos colegas mais velhos, que os ajudaram a ultrapassar os medos, da partilha de «dúvidas, questões e soluções, juntos».

«E agora somos enfermeiros, acreditam?!», exclamou, dirigindo-se aos colegas, a quem disse que, neste momento, deixavam «aqueles que se tornaram família em Coimbra»: «aqueles que zelaram pelo nosso bem-estar fora do ninho dos pais e que nos transmitiram valores muito importantes».

«Fomos a geração COVID, provavelmente a mais prejudicada em termos académicos (componente prática)», mas «conseguimos adaptar-nos facilmente à mudança e obter frutos da mesma», sublinhou, noutro momento do discurso, a presidente da AE da ESEnfC.

Sem esquecer os agradecimentos da praxe – às famílias (avós, pais, irmãos, namorados e namoradas), à Escola, aos docentes e pessoal técnico e operacional, ao Provedor do Estudante e à cidade de Coimbra –, Bárbara Pereira Sousa referiu que, agora, se dá «início a outra fase da vida, talvez a mais difícil, mas a mais gratificante». E mostrou-se convicta de que os novos enfermeiros saem da ESEnfC «profissionais de saúde preparados para a realidade que irão encontrar e enfrentar, dando resposta às necessidades e fundamentando de forma crítica todas as decisões» que forem chamados a tomar.


 

Cerca de 330 novos diplomados, familiares e docentes preencheram o grande auditório do Convento São Francisco

 

[2023-06-29]


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