Tem como lema “Get ready for safety” (“Prepare-se para a segurança”) e é um dos mais recentes projetos internacionais em que a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) está envolvida – desta feita sob coordenação da Universidade de Liège, na Bélgica –, o qual visa contribuir para a melhoria da formação de profissionais de saúde ao nível da gestão da qualidade e segurança dos cuidados, com recurso a métodos educativos digitais, como o e-learning e a simulação.
Em causa estão as complicações indesejadas resultantes dos cuidados de saúde prestados aos pacientes, não imputadas à evolução natural da doença de base, mas a imprevistos e a erros (os designados eventos adversos) que, segundo a evidência disponível, atingem um em cada 10 doentes em internamento hospitalar, podendo ser evitadas em 50% dos casos.
Sete instituições de cinco países participam no projeto
Denominado e-Safe - Amélioration de la gestion de la qualité et sécurité des soins en formation initiale et continue (em português, Melhoria da gestão da qualidade e segurança dos cuidados na formação inicial e contínua), este projeto, em que participam instituições de cinco países – Bélgica (além da Universidade de Liège, também a Haute Ecole Libre Mosane e a Inforef - organização sem fins lucrativos que atua na promoção da utilização de tecnologias digitais e na cooperação europeia no domínio da educação), França (Universidade de Caen Normandie), Luxemburgo (Centro Hospitalar do Luxemburgo), Portugal (ESEnfC) e Roménia (Universidade de Medicina e Farmácia Iuliu Hatieganu) – é suportado pelo programa Erasmus +, da União Europeia, com uma verba de 436 mil euros.
«Partindo de um levantamento das necessidades de formação nos vários países envolvidos, definiremos um quadro de competências a desenvolver pelos profissionais de saúde e um programa formativo, direcionado a estudantes e profissionais, numa abordagem de interdisciplinaridade, com recurso a plataformas digitais, prática simulada, sessões de e-learning teóricas e práticas», explica a professora Amélia Castilho, que coordena a equipa de docentes da ESEnfC que participa no projeto e-Safe, constituída pelos professores Rui Baptista, Verónica Coutinho, Nazaré Cerejo e Rui Gonçalves.
De acordo com a especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica e em Gestão e Economia da Saúde, pretende-se com este programa, que contará com a experiência, conhecimento e «visão transnacional» de profissionais de cinco países europeus, «colmatar a lacuna existente entre competências de gestão da qualidade e segurança exigidas aos profissionais e a formação formal disponível neste domínio».
Trabalho em equipa, eficiência da comunicação e gestão rigorosa dos processos de cuidados
Em 2009, o Conselho da União Europeia estimou que de entre 8% a 12% dos doentes em internamento hospitalar na Europa sofriam de eventos adversos, cerca de metade dos quais resultantes de erros evitáveis.
«A melhoria da segurança do doente é fomentada pelo trabalho em equipa, pela eficiência da comunicação estabelecida entre os profissionais e entre profissionais e doentes e pela gestão rigorosa dos processos de cuidados, de forma a criar barreiras que impeçam os inevitáveis erros humanos de chegar até ao doente. Nesse sentido, um esforço contínuo de aprendizagem e melhoria está em curso nas instituições de saúde, mas temos ainda um longo caminho a percorrer, como se assume na Estratégia Nacional para a Qualidade na Saúde e nas prioridades definidas no Plano Nacional de Segurança», afirma a professora Amélia Castilho.
A responsável pela equipa de docentes da ESEnfC participante no e-Safe espera, pois, que o projeto «possa alavancar o desenvolvimento de competências de gestão da qualidade e segurança dos cuidados nos profissionais de saúde».
Com um período de execução de 36 meses, o projeto e-Safe - Amélioration de la gestion de la qualité et sécurité des soins en formation initiale et continue decorre até 31 de agosto de 2023.
[2021-02-08]