Um inquérito do Instituto Europeu para o Estudo dos Fatores de Risco em Crianças e Adolescentes (IREFREA Portugal), em parceria com a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), veio demonstrar que as medidas de contenção associadas à pandemia de COVID-19 têm modificado os hábitos e comportamentos dos jovens portugueses: 18,1% afirmaram consumir menos álcool ou ter deixado de beber, 37,3% revelaram ter diminuído o consumo de tabaco ou ter deixado de fumar e 16,5% referiram acreditar que o consumo de substâncias ilícitas irá ser menor durante a pandemia.
O estudo nacional mostrou que são os consumidores ocasionais que relatam as maiores mudanças nos seus hábitos.
Em virtude da pandemia, 36,4% dos participantes revelaram que os seus comportamentos de convívio no futuro serão alterados, com 10% dos inquiridos a referirem que irão dar mais prioridade as atividades ao ar livre e às relações interpessoais.
Os resultados do inquérito revelaram, também, que 63,3% dos jovens participantes consideram reduzir o número de saídas à noite, que 98,7% concordam com o encerramento obrigatório de bares e discotecas e que 45,7% são a favor do encerramento de fronteiras.
Dirigido aos escalões etários dos 16 aos 35 anos, o estudo visou perceber a posição dos jovens face às medidas de contenção da pandemia do novo coronavírus, no sentido de pôr em prática algumas estratégias preventivas mais eficazes.
O trabalho foi realizado através de um questionário online disseminado entre contactos de estudantes durante 15 dias, do qual resultaram 687 respostas válidas.
Citado em comunicado, o presidente do IREFREA Portugal, Fernando Mendes, afirma que estes resultados demonstram o «contrário do que se tem veiculado sobre a atitude irresponsável dos jovens», ao notar que «existe uma opinião favorável à contenção da epidemia».
«O contexto atual trouxe consigo uma nova forma de relacionamento social para a maioria, que assume a adoção de diferentes rotinas para o futuro», sendo, todavia, «preciso acautelarmo-nos de esforços para que a contenção se mantenha, pois existe ainda uma franja considerável que não a reconhece como essencial», sublinha o psicólogo.
«Com 56,9% dos participantes a afirmarem que esta situação de contingência levou a uma maior utilização das redes sociais, 28,1% da amostra não planeia ou tem dúvidas se vai alterar a forma como se relacionam com os amigos durante este período. De salientar que estes comportamentos podem exacerbar o risco acrescido de dependências não químicas, associadas aos jogos online», lê-se, ainda, no comunicado.
Dos respondentes, 25,8% eram do sexo masculino (com um a média de idades de 23,4 anos) e 73,4% do feminino (média etária de 22,9 anos).
A profissão mais referida foi a de estudante (61,3%), seguindo-se os trabalhadores por conta de outrem (19,8%) e os desempregados (3,5%).
Quanto à área de residência, 66,4% vivem em território urbano e 75,1% partilham habitação com a família de origem.
Dos 687 jovens, 6,7% não bebem álcool, 42,1% não fumam e 66,2% não usam cannabis.
No que respeita a consumos diários, 1,5% bebe álcool, 16,6% fumam e 2% usam cannabis.
[2020-04-30]