«Eis-vos na posição de iniciados na nobre profissão de enfermagem. É vosso dever ético fazer o percurso de iniciado a perito». As declarações são de Aida Cruz Mendes, Presidente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), e foram dirigidas aos 303 novos enfermeiros licenciados pela instituição que, no dia 20 de julho de 2019, no Pavilhão Multidesportos, receberam os diplomas de curso, num «ato muito significativo para Portugal», e fizeram o juramento perante a comunidade.
303 novos enfermeiros concluíram o curso em julho na ESEnfC
Aida Cruz Mendes, que antes felicitara os novos diplomados por terem concluído com sucesso esta primeira etapa de formação, não deixou de salientar a «carência de enfermeiros para fazer face às necessidades de cuidados de saúde da população».
De acordo com a dirigente máxima da ESEnfC, «em Portugal, o número de enfermeiros por mil habitantes (6,4) é inferior ao da média europeia a 28 países (8,4)».
Citando um «estudo realizado por Lopes, Castro e Simões (2018)», Aida Cruz Mendes notou que, «para nos aproximarmos da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, precisaremos de mais 26% de enfermeiros até 2040». E acrescentou que o país também possui «uma proporção médico/enfermeiro desequilibrada». Que, segundo o mesmo estudo, «deveria aumentar 31% num quarto de século, passando de apenas 1,39 (2014) para 1,82 em 2040)».
A Presidente da ESEnfC observou, ainda, que, dispondo de «autonomia para o desenvolvimento de cuidados de enfermagem centrados nas pessoas e também preparados para trabalhar em equipas multiprofissionais para uma assistência de saúde integral, os enfermeiros detêm um grande potencial de conhecimento e de competências que devem ser completamente aproveitadas, para o fortalecimento do Serviço Nacional de Saúde e para a acessibilidade dos cidadãos a cuidados seguros e de qualidade».
Disse ser por esse motivo que «o Conselho Internacional de Enfermagem está a apelar aos líderes políticos de todo o mundo para que invistam na contratação de enfermeiros para garantir a segurança dos cuidados». E também pela mesma razão que «a Organização Mundial de Saúde nomeou o ano de 2020 como de celebração da Enfermagem e da Enfermagem de Saúde Materna e Obstetrícia».
A professora Aida Cruz Mendes disse esperar que os novos enfermeiros se realizem transformando-se de «de iniciados em peritos, capazes de práticas avançadas, especialistas, mestres e doutores em Enfermagem». E apelou para que se inscrevam na rede alumni da ESEnfC e que, «como membro, embaixador ou mentor, continuem a contribuir para a qualidade da nossa comunidade educativa e para o reconhecimento do valor da Enfermagem».
[2019-07-31]