A Presidente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), Aida Cruz Mendes, considera que «as necessidades sociais em enfermeiros especializados com graduação académica não devem estar dependentes da generosidade e motivação individual» e que «o país e as instituições de saúde têm de estabelecer políticas e medidas adequadas para favorecer este tipo de formação».
Todavia, «soluções de diminuição da exigência ou de amputação de competências, como as de investigação, não são benéficas, nem para enfermeiros, nem para a população», advogou Aida Cruz Mendes, ao lançar aquele desafio durante a comemoração do dia da escola, a 18 de março.
Para a Presidente da maior e mais antiga escola de enfermagem em Portugal, «o conhecimento e a variabilidade de contextos é demasiado grande para que todos possam estar preparados para responder com eficácia a diferentes necessidades de saúde», pelo que, «são necessários enfermeiros especialistas com uma forte formação pós-graduada», que deve ser «desenvolvida em contexto académico».
«O aumento de competências em enfermagem, a sua diferenciação em áreas de especialidade e a obtenção de diferentes graus académicos enriquece tanto a profissão como a ciência de enfermagem, em benefício das populações», sublinhou Aida Cruz Mendes, ao notar que, «nos últimos anos, não tem existido uma política nacional e das instituições de saúde de apoio ao desenvolvimento destas competências».
Já a ESEnfC, referiu a dirigente da instituição, «procurou ajustar currículos e planos educativos a formação pós-laboral, criando condições para que um número significativo de enfermeiros pudesse obter títulos de mestrado de especialização em diferentes áreas de enfermagem».
Aida Cruz Mendes registou que a ESEnfC tem, atualmente, 1.459 estudantes de licenciatura e 503 enfermeiros em cursos de mestrado e pós-graduação.
A Presidente da ESEnfC disse, ainda, pretender que os «programas educativos [da instituição] respondam às necessidades atuais e àquelas que se desenham para o futuro», sendo inovadores, alicerçados na investigação produzida e que possibilitem experiências nacionais e internacionais, reafirmando, por isso, «a importância de respeitar a autonomia das escolas» na respetiva construção.
Atividade de investigação no último ano foi “bastante relevante”
Noutro momento do discurso, Aida Cruz Mendes apresentou um conjunto de indicadores que atestam um resultado «bastante relevante» da atividade de investigação realizada, no último ano, por docentes e investigadores da ESEnfC: 210 publicações, 133 das quais artigos em revistas com indexação SciElo (com indicadores JCR, Journal Citation Reports, ou SJR, Scientific Journal Ranking).
A «organização da investigação» na Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E), acolhida pela ESEnfC, a sua articulação com o ensino e a ligação à comunidade têm permitido fortalecer a academia de enfermagem e valorizar o conhecimento», destacou a professora que assume as funções de órgão superior de governo e de representação externa da instituição.
Para a Presidente da ESEnfC, a «forte atratividade» da UICISA: E mede-se, desde logo, pela constituição dos seus «cinco núcleos» fora da instituição – quatro em outras instituições de ensino superior e um no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra –, pelo «acolhimento de investigadores de 24 instituições» e pela requisição do seu ambiente de trabalho, durante o último ano, por 15 investigadores estrangeiros (para desenvolvimento de percursos académicos de mestrado, doutoramento sanduiche e pós-doutoramento). Mas também pelos 29 eventos realizados, no último ano, e pelos 24 projetos em desenvolvimento, no âmbito da ligação à comunidade e que envolvem 76% dos docentes da ESEnfC.
Ao terminar, Aida Cruz Mendes frisou que, além da «atividade de investigação relevante para a área científica que a Escola representa, «com cerca de 73% de docentes de carreira doutorados», a ESEnfC «cumpre o rácio exigido às instituições de ensino universitário de ter pelo menos um doutor por cada 30 estudantes», bem como «os critérios para avaliação de qualidade de cursos e instituições universitárias».
Agora, para a Presidente da ESEnfC, que «quer continuar a trabalhar para valorizar a enfermagem e para melhorar a saúde dos portugueses», é preciso assegurar que a continuidade desta trajetória não seja impedida por condições de «indefinição e falta de clareza no reconhecimento da área científica, restrições ao financiamento, interferência na autonomia na elaboração e definição dos planos de estudo de diferentes graus académicos, de restrição à definição do primeiro ciclo de formação e de dificuldades na renovação do corpo docente».
[2019-03-29]