A escolha de novas formas de sensibilização e a procura de outras áreas de investigação são desafios a que o projeto de educação por pares da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), (O)Usar & Ser Laço Branco, terá de dar respostas nos próximos anos.
Quem o diz é Maria da Conceição Alegre de Sá, a coordenadora de um projeto que, no dia 6 de dezembro, assinalou uma década de intervenções a sensibilizar jovens para a promoção de relações de intimidade saudáveis, sob a divisa “Um não à violência entre os pares”.
Para a professora da ESEnfC, também a adoção de uma estratégia que potencie o «compromisso [dos estudantes] com o projeto, de modo a que a sua participação seja mais efetiva», constitui um repto para professores e profissionais de saúde envolvidos no (O)Usar & Ser Laço Branco.
Conceição Alegre, que falava durante um simpósio sobre violência no namoro, afirmou que a prevenção de atos agressivos e de tirania nas relações de intimidade exige o entendimento de um conjunto de caraterísticas que enformam uma relação íntima saudável, entre elas a crença na resolução de conflitos não-violentos, a capacidade de negociação e de ajustamento ao stresse, a crença no direito de autonomia do parceiro e a tomada de decisão partilhada.
Manuel Albano, diretor de serviços da delegação do Norte da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), que com a Presidente da ESEnfC, Maria da Conceição Bento descerrou a placa comemorativo do 10º aniversário do projeto – era assim inaugurada a exposição "10 anos a (des)construir laço(s)" –, elogiou o projeto por ter ido «além de portas» e por se basear num trabalho que contribui para «uma melhor cidadania».
Referindo-se a um projeto com «a durabilidade de dez anos», que obteve financiamento (da CIG) apenas durante um período de 24 meses, para sensibilizar jovens em idade escolar sobre a problemática da violência no namoro, Manuel Albano sublinhou que o (O)Usar & Ser Laço Branco «não acabou», louvando a «dinâmica» dos seus promotores, que «não ficaram à espera de dinheiro para fazer».
Por fim, ofereceu «todo o apoio» para aquilo em que a ESEnfC entenda que a CIG possa contribuir: «Desafio-vos a que nos desafiem, porque pode haver oportunidades interessantes para replicar ou reforçar intervenções. Desafiem-nos, à CIG e ao gabinete da senhora secretária de Estado [da Cidadania e Igualdade], que certamente a resposta não será negativa e chegaremos a pontos de entendimento», afirmou Manuel Albano.
Criado em 2007, na ESEnfC, o projeto (O)Usar & Ser Laço Branco, cujas estratégias de intervenção passam essencialmente pelo teatro do oprimido e pela educação por pares, já sensibilizou cerca de 23 mil pessoas, entre estudantes do ensino secundário e superior, encarregados de educação e professores. Tem como missão prevenir a violência entre pares, a começar pelo namoro, promovendo o fortalecimento da liberdade, da igualdade de género, do humanismo, da cidadania ativa, da cooperação e o empoderamento.
Participam no projeto (O)Usar & Ser Laço Branco, professores, estudantes e colaboradores não docentes, assim como enfermeiros formados pela ESEnfC.
[2017-12-13]