Perceber quem são os enfermeiros, de onde vêm e para onde vão, foi um dos objetivos inerentes à organização do I Simpósio de História de Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), realizado nos dias 9 e 10 de novembro, em simultâneo com o III Simpósio Internacional da ANHE (Associação Nacional de História de Enfermagem), que pela primeira vez decorreu fora de Lisboa e que teve por tema a “Enfermagem ibero-americana no séc. XIX (1801-1900)”.
Paulo Queirós, professor coordenador da ESEnfC e membro da comissão científica deste duplo evento, salienta a oportunidade de conhecer a história da Enfermagem como meio para construção da identidade profissional.
«Queremos que os nossos estudantes, ao longo do percurso formativo, sejam criadores da sua própria profissionalidade, da sua própria identidade e capacidade científica», afirma o também coordenador na ESEnfC da Unidade Científico-Pedagógica de Enfermagem Fundamental, ao sublinhar o quanto o conhecimento da História permite, também, «compreender os contextos e as dificuldades que a Enfermagem encontra hoje».
Para Paulo Queirós, é fundamental «que os estudantes possam perceber a riqueza de uma profissão antiga», que num primeiro momento surge «como uma ocupação que decorre da essência da condição humana – o cuidar», que mais recentemente entra «nos conceitos sociológicos de profissão» e que, «agora, vive o contexto da afirmação como ciência».
Também Óscar Ferreira, presidente da ANHE, que assinala a relevância de se estar a divulgar trabalhos de investigação sobre uma época pouco estudada, mas que considera «importante pra a Enfermagem moderna», destaca a conveniência de as «questões da história da profissão» começarem por ser tratadas «a partir do primeiro ano dos cursos de licenciatura».
«Compreender como nasceu a profissão, se desenvolveu e organizou é importante para que, no futuro», os enfermeiros não só possam participar em investigações, mas que igualmente «permitam que outros as desenvolvam, facilitando o acesso a arquivos e testemunhos», enfatiza o presidente da ANHE.
Por outro lado, para Óscar Ferreira, a realização na ESEnfC deste duplo simpósio é «um momento que marca a saída deste tipo de eventos de Lisboa para outra região do país, cumprindo com a função da ANHE, de divulgação do conhecimento».
Três exposições sobre História da Enfermagem puderam ser apreciadas durante os dias do encontro científico, naquele que foi, segundo Óscar Ferreira, o maior espaço expositivo sobre História de Enfermagem alguma vez apresentado em Portugal.
A Enfermagem nos contos infantis (trazida por Isidoro Jiménez Rodríguez, professor na Universidade Rey Juan Carlos, em Madrid), objetos e livros sobre Florence Nightingale (de Txaro Uliarte Larriketa, professora na Universidade do País Basco) e mais de um século de ensino da profissão em Coimbra (mostra itinerante construída para as comemorações dos 135 anos de história da ESEnfC) constituíram os temas das exposições.
"Questões metodológicas na investigação da história da saúde do séc. XIX", "Fontes para a história de Enfermagem no séc. XIX", “A arte de Enfermagem no séc. XIX”, "A Importância das instituições na construção da identidade dos enfermeiros" e "A Enfermagem nos conflitos bélicos" foram temas em debate durante os simpósios.
Estes encontros reuniram cerca de 200 interessados, a grande maioria de Portugal, mas também do Brasil (3), Espanha (22), Angola (2) e Argentina (1).
Reportagem simpósios História da Enfermagem _ ESEnfC/novembro2017 from ESEnfC on Vimeo.
[2017-11-24]
