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Simulações em situação de catástrofe e intervenção para os finalistas do ensino secundário são as mais recentes atividades do projeto Antes que te Queimes

 

Inicialmente dirigido para a prevenção dos consumos abusivos de álcool por parte dos jovens em contextos de diversão noturna na cidade de Coimbra (festividades académicas da Queima das Fitas e da Festa das Latas), o projeto alargou o âmbito de atuação – passou, também, a sensibilizar os novos alunos da ESEnfC (aquando da integração dos estudantes do 1º ano da licenciatura) e, desde há dois anos, os estudantes finalistas das escolas secundárias –, assim como o espaço de intervenção: foi replicado noutras cidades portuguesas (Évora, Covilhã e Oliveira de Azeméis), e atingiu a internacionalização, estendendo-se já a vários países (Angola, Brasil, Bélgica, Cabo Verde, Estónia, Líbano e República Checa).

 

 

Mais recentemente, o projeto passou a incorporar simulações em situação de catástrofe.

Falamos do Antes que te Queimes, iniciado por estudantes da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), com o objetivo de promover a diversão sem risco durante as festas académicas, reduzindo os danos associados ao consumo excessivo de álcool e de outras substâncias psicoativas, como o sexo desprotegido e a sinistralidade rodoviária, e que, em 2017, completa uma década de atividade.

Em momento de comemoração, assinalado no passado dia 10 de outubro, Irma Brito, professora na ESEnfC e coordenadora do projeto, vincou a crescente atualidade e pertinência do Antes que te Queimes, ao denunciar que «há predadores sexuais que vêm para a cidade de Coimbra na altura das festas académicas», bem como «imensas situações de violência sexual encoberta» nestes contextos.

Reportando-se a dados obtidos através da análise de mais de 5 mil entrevistas feitas no âmbito do Antes que te Queimes, Irma Brito referiu que 32,7% dos inquiridos do sexo masculino e 28% do sexo feminino admitiram o envolvimento em atos sexuais desprotegidos (sem preservativo).

Por outro lado, a professora da ESEnfC afiançou que 25% dos estudantes que conversaram com os educadores de pares (estudantes de Enfermagem) deixaram de levar o carro para a Queima das Fitas, o que a leva a acreditar que «pelo menos um acidente» o projeto conseguiu evitar.

A professora Irma Brito nota, ainda, que o Antes que te Queimes é um projeto de «baixo custo», tendo em conta o valor que significa evitar internamentos, intervenções cirúrgicas, ou, até mesmo, mortes.

Com intervenções de aconselhamento e primeiros socorros, desde maio de 2017, nas noites da Queima das Fitas e Festa e da Latada, e não sendo possível contabilizar o número de pessoas abrangidas nas festas académicas, já que apenas são registados os casos em que a população-alvo consente a recolha de dados das entrevistas, em dez anos de trabalho, foram feitos, em média, 500 aconselhamentos par-a-par por festa académica, alguns dos quais em inglês (para estudantes Erasmus).

Mais literacia sobre consumo de álcool e danos relacionados, comportamentos de adesão à segurança pessoal e rodoviária, ou habilidades de primeiros socorros a pessoas em intoxicação alcoólica aguda, foram alguns dos resultados desta atividade.

Para se manter, o Antes que te Queimes precisará de crescente apoio institucional, de mais voluntariado dos estudantes, de formação e de supervisão, afirma Irma Brito.

 

[2017-10-12]


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