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Primeiro doutoramento defendido em Coimbra no ramo de Enfermagem

Trabalho da investigadora Andréa Marques centrou-se na adaptação à população portuguesa de um instrumento de avaliação do risco de fratura osteoporótica.

 

A adaptação para a população portuguesa de um algoritmo que identifica as pessoas com maior risco de fratura osteoporótica foi o tema central da primeira tese no ramo de Enfermagem defendida em Coimbra (no dia 28 de março), no âmbito do programa de doutoramento em Ciências da Saúde, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) e que conta com a colaboração da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC).

Andréa Marques, enfermeira no Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), foi a autora do trabalho “Adaptação e validação do algoritmo FRAX® à população portuguesa (FRAX Port), com estudo socioeconómico e de avaliação da utilidade do instrumento para uso pelo doente”.

«Pela primeira vez», foram avaliados os custos das fraturas osteoporóticas em Portugal e, com base nisso, foram definidos os «níveis de risco de fratura acima dos quais é economicamente justificado proceder a tratamento com os diferentes fármacos preventivos de fratura», afirma a profissional do CHUC.

 

 

O algoritmo FRAX® foi desenvolvido, em 2008, pela Universidade de Sheffield, em parceria com a Organização Mundial de Saúde, tendo sido validado para a população portuguesa, em setembro de 2012, no âmbito deste trabalho de doutoramento.

 

Fraturas osteoporóticas da anca custam 216 milhões de euros a Portugal

De acordo com dados analisados nesta investigação, entre os anos 2006 e 2010 ocorreram, em Portugal, cerca de 50 mil fraturas da anca, dois terços das quais em mulheres.

O estudo socioeconómico desenvolvido mostra que «tratar uma fratura da anca representa um custo de 13.434 euros no primeiro ano e de 5.985 euros no segundo ano após a fratura», revela Andréa Marques, que também é investigadora associada na Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E), da ESEnfC.

«Em 2011, o custo económico atribuível às fraturas osteoporóticas da anca em Portugal foi estimado em 216 milhões de euros. Verificou-se que, nos 12 meses seguintes a uma fratura da anca, existe uma redução média da qualidade de vida de 34%, em comparação com o estado pré-fratura. Observou-se, ainda, que após uma fratura da anca, os doentes têm 12% de excesso de mortalidade, quando comparados com a população da mesma idade», salienta, também, a enfermeira.

Até à data, algoritmo FRAX®, que dá uma estimativa do risco de fratura osteoporótica major (vertebral, antebraço, anca e ombro) e da anca a dez anos – tendo em conta fatores como a história familiar de fratura da anca, a toma de corticoides prolongada, a artrite reumatoide, hábitos tabágicos, consumo de álcool, causas secundárias de osteoporose (exemplo da menopausa precoce), ser sénior, ser baixo e magro –, foi utilizado mais de 98 mil vezes por profissionais de saúde ou doentes.

 

800 mil portugueses têm osteoporose

A osteoporose é uma doença muito relacionada com o envelhecimento, que afeta cerca de 800 mil portugueses, estimando-se «que o número aumente exponencialmente devido ao aumento da longevidade da nossa população e da não adoção de hábitos de vida saudáveis», admite a enfermeira do CHUC.

De acordo com Andréa Marques, «os profissionais de saúde, nomeadamente os enfermeiros, poderão, com a utilização deste novo instrumento, desenvolver intervenções de sensibilização e promoção de hábitos de vida saudável, diminuir a prevalência de osteoporose e, consequentemente, a incidência de fraturas osteoporóticas e todo o sofrimento que delas decorre».

Por outro lado, «o fácil acesso e compreensão desta ferramenta fazem admitir que possa, também, ser empregue para aumentar a adesão ao tratamento e para promover o envolvimento ativo do doente na deteção da osteoporose», prevê a nova doutorada, que, aos 29 anos de idade, é ainda pós-graduada em Princípios e práticas em investigação clínica (Universidade de Harvard, EUA) e em Enfermagem em Reumatologia (Universidade de Keele, Reino Unido).

Foram orientadores de doutoramento da enfermeira Andréa Marques, José António Pereira da Silva (FMUC), Aida Cruz Mendes (ESEnfC) e Óscar Lourenço (Faculdade de Economia da UC).

Na foto (da esquerda para a direita) podemos ver: Helena Canhão, Maria Céu Barbieri, Catarina Resende de Oliveira, Afaf Meleis (arguente principal, a teórica de Enfermagem e professora da Universidade da Pensilvânia esteve, pela primeira vez, num júri de doutoramento em Portugal), Andréa Marques, José António Pereira da Silva, Eunice Carrilho e João Apóstolo.

 

[2017-04-17]


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