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Tratamento de feridas crónicas: Manuela Martins-Green disposta a colaborar com a ESEnfC no campo da investigação

 

A professora de Biologia Celular da Universidade da Califórnia, em Riverside, Manuela Martins-Green, admite a possibilidade de colaborar com investigadores da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) na área do tratamento de feridas crónicas.

Natural de Angola e a trabalhar nos Estados Unidos da América, a investigadora portuguesa esteve recentemente em Coimbra, onde participou no V Congresso Internacional de Feridas, que reuniu para cima de 400 inscritos.

A professora do Laboratório de Biologia da Cicatrização de Feridas do Departamento de Biologia Celular e Neurociência da Universidade da Califórnia, em Riverside, Manuela Martins-Green disse que ficou «muito bem impressionada com a qualidade do trabalho apresentado durante o dia» em que esteve presente no congresso realizado na ESEnfC.

 

Manuela Martins-Green acompanhada pelos professores Paulo Alexandre Ferreira e Luís Paiva

 

«Estou a analisar a possibilidade de candidatar-me a uma Bolsa Fulbright para vir para Portugal e talvez trabalhar com a vossa Escola e, também, num hospital de Lisboa, para avaliar se podemos utilizar algumas das minhas abordagens ao tratamento de feridas, para lá das que já existem nessas instituições (por exemplo, a oxigenoterapia hiperbárica), com o objetivo de fazer avançar a área do tratamento de feridas crónicas», afirmou a reputada investigadora, em declarações à área de Comunicação e Imagem da ESEnfC.

“Porque é que algumas feridas infetadas ficam crónicas?” foi o título da conferência que Manuela Martins-Green proferiu no dia 2 de fevereiro, no âmbito do V Congresso Internacional de Feridas.

Também Duarte Nuno Vieira, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e presidente, entre outros organismos, do Conselho Europeu de Medicina Legal e do Conselho Forense Consultivo do Procurador do Tribunal Penal Internacional, apresentou, no segundo dia do evento (3 de fevereiro), uma conferência sobre “A importância das feridas no diagnóstico forense”.

“Sistematização do tratamento de feridas”, “O oxigénio e a cicatrização de feridas”, “Inovação no tratamento de feridas”, “Feridas traumáticas”, “Cicatrização comprometida” e “Experiências práticas em Portugal” constituíram os temas das seis mesas-redondas do V Congresso Internacional de Feridas.

De acordo com a organização do congresso, «as feridas constituem um enorme problema de saúde, dado que podem conduzir ao isolamento social dos doentes, ao absentismo e à morbilidade, tendo por isso um impacto considerável na qualidade de vida».

 


Quatro perguntas a Manuela Martins-Green 

               

“VAI DEMORAR ALGUM TEMPO ATÉ APRENDERMOS A CUIDAR MELHOR DA POPULAÇÃO IDOSA SEM SOBRECARREGAR O SISTEMA DE SAÚDE”

 
Afinal, porque é que algumas feridas ficam crónicas?

Algumas feridas tornam-se crónicas, mesmo quando não há infeção. Todas as feridas têm um certo número de bactérias, mas naquelas que se tornam crónicas as bactérias mudam e formam um biofilme. Após a formação do biofilme, é muito difícil controlar as bactérias com antibióticos, porque o antibiótico não pode chegar-lhes, porque estão envolvidas nessa película, ou porque as bactérias se tornam resistentes aos antibióticos. Ainda não sabemos por que algumas feridas se tornam crónicas, mas o meu trabalho aponta para o facto de que o microambiente da ferida é essencial para o desenvolvimento de bactérias que formam o biofilme. Por exemplo, são necessários níveis elevados de stresse oxidativo para que a ferida forme o biofilme e se torne crónica. Assim que isso acontece, é muito difícil curar a ferida.

O que é que, neste momento, está a ser desenvolvido no seu núcleo de investigação, no sentido de poder melhorar os tratamentos (das feridas ou do cancro) e, por essa via, a qualidade de vida e a saúde das populações?

Neste momento, o nosso trabalho centra-se em determinar quais são os mecanismos celulares e moleculares essenciais para a ocorrência e o desenvolvimento de feridas crónicas. Isto é possível porque desenvolvemos um modelo inovador de feridas crónicas que nos vai permitir colocar estas questões. Isto é importante porque não podemos experimentar em seres humanos com feridas crónicas. Quando estes doentes consultam um médico as feridas já estão muito avançadas, o que impede a avaliação dos processos que desencadearam a cronicidade.

Olhando para os principais problemas de saúde no mundo e para as necessidades das pessoas (Portugal e a Europa estão confrontados com o problema do envelhecimento populacional, mas também há as doenças oncológicas, a diabetes…), que desafio lançaria, hoje, aos novos enfermeiros?

Eu diria que os problemas geriátricos vão ser um desafio. As pessoas vivem cada vez mais anos e os idosos sofrem de problemas de saúde graves, tais como a diabetes. Isto faz com que seja extremamente difícil tratar outras doenças/patologias. Além disso, os estudos geriátricos são ainda recentes e vai demorar algum tempo até aprendermos a cuidar melhor da população idosa sem sobrecarregar o sistema de saúde.

Como é vista a comunidade de investigadores portugueses do outro lado do Atlântico?

É difícil dizer, porque a comunidade portuguesa de cientistas ainda é demasiado pequena para ter impacto. No entanto, há instituições que são muito conhecidas, tais como o Instituto Gulbenkian e a Fundação Champalimaud.

 

[2017-03-09]

 


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