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ESEnfC e serviços de saúde vão envolver os homens no cuidado aos filhos

 

A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) está a coordenar um trabalho que visa sensibilizar os profissionais de saúde para a importância do envolvimento dos homens no cuidado aos filhos, a começar na gravidez e em todas as fases da saúde materno-infantil.

Trata-se da adaptação para Portugal do “Programa P” (‘P’ de ‘Pai’), da responsabilidade do Instituto Promundo (ONG sediada no Brasil) e que certificará as instituições de saúde aderentes como unidades promotoras da paternidade e do cuidado.

Até ao momento, 50 destes profissionais, maioritariamente enfermeiros, já frequentaram sessões de sensibilização e ações de formação (em baixo, foto de uma dessas atividades) que os capacitam, no contexto clínico, a tornar mais efetivo o comprometimento masculino no acompanhar dos filhos.

É que, embora a aumentar, este envolvimento ainda é baixo, não se equipara ao das mulheres e é pouco incentivado nos serviços de saúde.

Quem o diz são as professoras Maria Neto e Cristina Veríssimo (ESEnfC/projeto (O)Usar & Ser Laço Branco), as quais, juntas com o Instituto Promundo, estão a organizar este trabalho.

 

 

As professoras da ESEnfC têm a ambição de alargar o programa a todo o território nacional, envolvendo não só organizações de saúde, como o poder político.

Até agora, o trabalho tem sido feito em parceria com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (maternidades Bissaya Barreto e Dr. Daniel de Matos e hospital pediátrico) e com o Agrupamento de Centros de Saúde Baixo Mondego.

Segundo explicam as professoras da ESEnfC, já eram conhecidas as vantagens da participação dos pais nos cuidados aos filhos, quer para as mães, quer para as crianças.

Recentemente, a investigação internacional tem mostrado que os homens que se envolvem no cuidado aos filhos também cuidam mais da respetiva saúde, têm menos comportamentos de risco, são mais produtivos, menos agressivos e têm melhor saúde física e mental.

As especialistas em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica e em Enfermagem Comunitária notam que «deve haver um espaço já pensado e concebido para a presença do pai quando ele vai às consultas de vigilância pré-natal», que «o pai deve ser acolhido e envolvido em todo o processo de cuidados, que deve ser informado das vantagens da sua participação nos cuidados ao filho, bem como da legislação que o protege».

Por outro lado, «deve ser documentado o seu nível de participação (se esteve ou não esteve presente e qual o grau de envolvimento) e a sua presença nas consultas deve, também, ser aproveitada para incrementar uma vigilância ativa da saúde do homem. Esta presença e participação devem continuar no trabalho de parto, no pós-parto e na vigilância de saúde da criança», advogam as professoras da ESEnfC.

Do ponto de vista metodológico, o “Programa P” prevê três momentos, sendo o primeiro de sensibilização dos profissionais de saúde que trabalham no período pré-parto, parto e pós-parto e que realizam atendimentos em crianças até aos 4 anos.

O segundo momento é dirigido a pais e mães (grupos reflexivos em torno de questões como gravidez e parto, cuidados ao bebé e convivência sem violência) e o terceiro à comunidade, visando o desenvolvimento de alianças, campanhas e planos de ação.

 

[2016-05-31]


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