A Presidente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) considera «urgente» que se faça «um estudo sério sobre as necessidades de enfermeiros em Portugal», que, de uma vez por todas, esclareça se existe ou não um défice destes profissionais de saúde e qual a sua verdadeira dimensão.
| A professora Maria da Conceição Bento, que no último sábado (dia 28 de julho), discursava na sessão solene de encerramento da licenciatura em Enfermagem – e do juramento dos novos diplomados –, mostrou-se, uma vez mais, apreensiva com o futuro dos jovens profissionais. «Já vos disse que acredito que qualquer um de vós que hoje termina o curso está em condições de contribuir para a melhoria da oferta de cuidados de saúde, sensíveis aos cuidados de Enfermagem, a indivíduos, grupos, famílias e comunidades. Mas acredito também que, em muitos casos, os usufrutuários dos vossos cuidados não venham a ser os cidadãos portugueses. E isso deixa-me preocupada como dirigente de uma instituição de ensino superior na área da saúde, mas particularmente como cidadã», afirmou a Presidente da ESEnfC. |
Maria da Conceição Bento referia-se à emigração, que está a ser encarada, por muitos licenciados, como a opção mais compensadora, isto enquanto se assiste ao «aumento da demora média em obter o primeiro emprego», ao próprio «desemprego e ao subemprego». E, paradoxalmente, enquanto se escuta «os responsáveis por liderar a profissão (Ordem dos Enfermeiros e Sindicatos) a anunciarem que faltam 15 a 20 mil enfermeiros para se garantirem cuidados seguros no Serviço Nacional de Saúde, 5 mil nos cuidados de saúde primários».
Para a Presidente da ESEnfC, «é importante que quem decide não esqueça que produzir cuidados de saúde mais baratos [algo essencial no tempo de contenção que se vive] é produzi-los com qualidade e não haverá qualidade em saúde se os cidadãos não puderem dispor dos cuidados de Enfermagem necessários para responder às necessidades básicas em saúde».
A professora Maria da Conceição Bento voltou, por isso, a referir que Portugal mantém as mais baixas proporções de enfermeiros da União Europeia.
Segundo dados recentes, Portugal dispõe de 5,7 enfermeiros por milhar de habitantes, quando a média entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) é de 8,7.
Na cerimónia de encerramento de mais uma licenciatura em Enfermagem, que teve lugar no Pavilhão Multidesportos Dr. Mário Mexia, a Presidente da ESEnfC felicitou os finalistas e as respetivas famílias (pelo esforço que fizeram para os apoiar), endereçando uma palavra de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido, quer pelo corpo docente, quer pelos funcionários da instituição.
