O presidente da Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, Dr. José Mendes Bota, afirmou, ontem (dia 17 de Maio), que é preciso mudar de uma «cultura de dominação» para uma «cultura de cooperação», se quisermos banir o flagelo da violência sobre as mulheres.
O também deputado algarvio, que moderava a primeira sessão plenária do congresso internacional “Violência nas Relações de Intimidade: (O)Usar Caminhos em Saúde”, que está a decorrer na ESEnfC, disse não acreditar «que os homens sejam todos agressores e más pessoas», sustentando que «é preciso trazer os homens para esta luta». Na mesa estiveram o responsável do Observatório Nacional de Violência e Género da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, professor Manuel Lisboa, a presidente da UMAR (União das Mulheres Alternativa e Resposta), professora Maria José Magalhães, e o director da Campanha do Laço Branco no Canadá, Dr. Humberto Carolo. |
A presidente da UMAR defendeu ser necessário evitar que as vítimas sejam revitimizadas, ao notar que o importante é tornar mais célere e eficaz a aplicação da lei.
É que, embora se assista a um incremento das denúncias, tal não corresponde a condenações e a processos em Tribunal, observou a docente da Universidade do Porto.
A professora Maria José Magalhães disse não aceitar que a grande maioria das mulheres vítimas de violência tenha de sair de casa, de abandonar os empregos e de mudar de vida, por não haver eficácia nas medidas de coação.
Já o professor Manuel Lisboa, que começou por saudar o congresso da ESEnfC – considerou a iniciativa de maior importância do ponto de vista cívico e da difusão do conhecimento –, salientou que também na área da saúde deve ser introduzida a questão da violência de género.
Um problema que entende dever ser combatido através de proximidade e da participação de organizações não governamentais.
O director de programas da Campanha do Laço Branco no Canadá, Dr. Humberto Carolo, apontou caminhos: o homem deve ser ele próprio um exemplo, estando mais envolvido na vida familiar (ajudando nas tarefas domésticas e a cuidar dos filhos).
Três fóruns, quatro conferências, 11 oficinas temáticas e três sessões plenárias dão corpo ao congresso internacional “Violência nas Relações de Intimidade: (O)Usar Caminhos em Saúde” que a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra organiza até amanhã, dia 19 de Maio.