A professora Ana Paula Monteiro prestou, no dia 14 de Maio, provas de doutoramento em Ciências Biomédicas, na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (UC), tendo sido aprovada, com distinção e louvor, por unanimidade, ao defender a tese "Migração e Saúde Mental: Vulnerabilidade ao stress, apoio social e saúde mental em imigrantes da Europa de Leste a residir em Portugal".
No estudo desenvolvido pela professora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), junto de 566 imigrantes da Europa de Leste residentes em várias regiões de Portugal, concluiu-se 54,9% desta amostra é vulnerável ao “stress”.
|
Foram identificados vários factores relacionados com a vulnerabilidade da saúde mental ou com a maior incidência de “stress”: ruptura com redes de apoio familiares; condições de trabalho desfavoráveis (muitos tinham elevadas qualificações académicas, mas não realizavam tarefas laborais qualificadas compatíveis); desconhecimento da língua portuguesa na vertente escrita; região de residência (imigrantes no Alentejo apresentavam piores níveis de saúde mental) e acesso aos cuidados de saúde em Portugal. |
Ainda assim, 81,8% dos imigrantes inquiridos já tinham tido acesso ao Serviço Nacional de Saúde Português, sendo as principais razões para este uso dos serviços de saúde situações de doença grave (39,6%) ou acidentes de trabalho (15,9%).
Numa análise feita com um grupo de controlo (110 indivíduos portugueses) fica patente que os imigrantes da Europa de Leste apresentam maior vulnerabilidade ao “stress” e menor apoio social relativamente aos sujeitos da população portuguesa.
De acordo com a professora doutora Ana Paula Monteiro, os programas de acolhimento e de promoção da saúde mental em populações imigrantes da Europa de Leste devem incorporar alguns aspectos que considera relevantes: o reconhecimento de habilitações académicas e de qualificações profissionais; a oportunidade de aprendizagem da língua portuguesa na vertente escrita, a flexibilização/facilitação dos processos de reunificação familiar e a efectiva acessibilidade ao Serviço Nacional de Saúde, mesmo se em situação jurídica irregular.
A acessibilidade a práticas de religiosidade e a regularização da situação laboral também poderão melhorar a saúde mental desta população.
Entre as sugestões que deixa, a professora da ESEnfC propõe «o aprofundamento, nos curricula académicos e nos programas de formação contínua dos profissionais de saúde, de conhecimentos relacionados com as questões da interculturalidade e com a prática de cuidados de saúde culturalmente sensíveis, particularmente na área da Saúde Mental».
Fizeram parte do júri de doutoramento da professora Ana Paula Monteiro os professores Carlos Fernandes da Silva (professor catedrático da Universidade de Aveiro), João Eduardo Marques Teixeira (professor associado da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto), Adriano Supardo Vaz Serra (professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra), João dos Santos Relvas (professor associado com agregação da Faculdade de Medicina da UC) e Carlos Manuel Braz Saraiva (professor auxiliar da Faculdade de Medicina da UC). Presidiu ao júri o presidente do Conselho Científico da Faculdade de Medicina da UC.
Recortes de Imprensa/Publicações Online
As Beiras | Correio da Manhã | Correio do Minho | Destak | Diário de Aveiro | Diário de Coimbra | Diário de Notícias | Diário dos Açores | Jornal de Notícias | Sol | Público Online | Tribuna Médica Press
