O movimento Graal e a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) apresentaram, no dia 10 de Março, o projecto “SauDar | saúde, género e migrações”, que se propõe facilitar o acesso e a prestação de serviços de saúde às populações imigrantes, muito especialmente às mulheres, promovendo a igualdade de oportunidades e de género.
Durante dois anos, vão ser diagnosticados problemas na relação das imigrantes com os serviços de saúde, bem como as suas causas, vai ser feita sensibilização junto de profissionais de saúde e dos próprios imigrantes – que muitas vezes desconhecem o seu direito aos cuidados de saúde – e vão ser promovidas boas práticas para a prestação de serviços adequados e diferenciados às mulheres imigrantes (cuidados culturalmente sensíveis). |
Todo o processo será desenvolvido com grupos de imigrantes, técnicos/as de saúde e peritos/as, dando-lhes voz e visibilidade. As mudanças a imprimir nas práticas de prestação de cuidados de saúde às mulheres imigrantes serão feitas de acordo com os problemas identificados e com as soluções propostas pelas próprias.
O projecto poderá levar à criação de um gabinete de apoio às mulheres imigrantes ou de uma consulta específica para imigrantes, em colaboração com unidades de cuidados primários.
O “SauDar | saúde, género e migrações” é um projecto da iniciativa do Graal, co-financiado pelo Estado português e pelo Fundo Social Europeu, no âmbito da medida 7.3 - Igualdade de Género: Apoio técnico e financeiro às Organizações Não Governamentais, do POPH (Programa Operacional Potencial Humano) – QREN, gerido pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG).
Para este projecto, o Graal conta com a parceria da ESEnfC e de outras instituições: Salud y Familia (Barcelona), Centro Local de Apoio ao Imigrante de Coimbra e Associação Luso-brasileira de Apoio ao Imigrante.
O Graal é um movimento internacional de mulheres com a missão de “construir uma cultura do cuidado”, tendo em vista o futuro do planeta e a qualidade de vida da humanidade.
Na apresentação do projecto estiveram, em representação do Graal, as doutras Natália Cruz e Ana Costa, e em representação da ESEnfC, as professoras Maria da Conceição Bento (presidente da Escola) e Ana Paula Monteiro.
Também a doutora Manuela Marinho (CIG) elogiou as dimensões do projecto.
Algumas das dificuldades no acesso à saúde e à adequada prestação de serviços a imigrantes resultam de aspectos como a falta de informação, as barreiras linguísticas e culturais, ou o modelo vigente na generalidade da investigação na área da saúde, que pressupõe que o doente/utente é um ser neutro, pensado por defeito como masculino, de classe média e português.
Acresce a vulnerabilidade característica das populações imigrantes, em especial das mulheres, que se nota na deficiente inserção comunitária, nas dificuldades linguísticas, nos níveis sociais e económicos baixos e, ainda, nos riscos de serem vítimas de violência, de tráfico e de exploração sexual.
Em Portugal, o Graal tem procurado proporcionar contextos que promovam a capacidade de intervenção da mulher, visando a igualdade de género, a luta contra as discriminações e a cooperação com os PALOP.
Enquanto instituição de ensino superior de referência, empenhada na prestação de serviços à sociedade, a ESEnfC, herdeira da mais antiga formação em enfermagem em Portugal, procura também intervir no sistema de saúde e na comunidade.