Seminário "Translação da ciência com envolvimento do cidadão"

A geração de evidências inicia-se com a produção de investigação primária - empírica - rigorosa utilizando os mais diversos desenhos de investigação. É internacionalmente reconhecido que os profissionais de saúde para informar a sua prática quotidiana devem considerar, para além da evidência de eficácia (efeito benéfico da intervenção/procedimento e a sua segurança), evidência sobre aplicabilidade (relação custo-eficácia, recursos físicos, culturais, e financeiros, práticas disponíveis e experiência e/ou competência clínica suficiente para aplicação da prática), evidência sobre adequação (aceitabilidade face à cultura, valores e crenças dos utentes, a transferibilidade e aplicabilidade à população de interesse, e a sua adaptabilidade a circunstâncias diversas) e evidência sobre o significado para as pessoas (contingência da evidência estar associada a experiências positivas e não estar associada a experiências negativas).

Assim, há uma consciência crescente da necessidade de fortalecer o envolvimento dos utentes na investigação em saúde. Os utentes devem ter uma palavra a dizer sobre o que é o objeto da investigação e como a investigação é desenvolvida. A abertura para o envolvimento dos utentes não é apenas uma posição ética, antes potencia a qualidade da evidência.

A “Citizen Science” refere-se ao envolvimento do público em geral em atividades de investigação científica a ocorrer quando os cidadãos contribuem ativamente para a ciência com seu esforço intelectual, ou conhecimento circunstancial, ou com as suas ferramentas e recursos. Como se pode ler no “Green paper on Citizen Science for Europe: Towards a society of empowered citizens and enhanced research”, esta abordagem aberta e participativa tem ganho mais relevância graças à revolução digital.